Entre o clarão de um farol, e mais outro, e outro mais, a imagem dela levemente desaparecia no meio de toda aquela confusão. Por mais que eu a buscasse, o lugar dela não era aqui. Talvez fosse por causa das minhas olheiras matinais. Ou quem sabe fosse minha mania constrangedora de fumar três cigarros e meio após nossas transas. Mas nunca disse nada. Sempre calada, esperando o momento do bote.
Até que em silêncio ela o fez.
Sequer me revelou algo, disse apenas que iria, e iria para muito longe, onde ninguém,
inclusive e principalmente eu, poderia lhe encontrar.
O disco de Lennon jogado no centro esquerdo do quarto agora faz sentido - e eu que sempre pensei no tal "final feliz".
Eu que descolava minhas figurinhas para parecer maduro.
Eu que tomava coca-cola sem canudo para não fazer barulho.
Eu que escondia minhas canetas "bic" de cores trocadas, apenas para não soar ridículo.
Eu que nunca fui eu.
Talvez tenha sido esse o problema, eu fui um nada, uma farsa, um qualquer...
Só sei que aquele cheiro ainda não me sai da cabeça. Aquela toalha molhada em cima da cama ainda traz lembranças.
Lembranças daquilo que meu corpo possuiu, mas minha mente deixou escapar. Maldita vontade de ser outro.
Mas, talvez na hora certa ela volte, e nesse dia estará tudo preparado.
Minhas figurinhas escondidas, os canudos todos no lixo, e as canetas "bic" espalhadas pelo jardim. Assim como sempre foi. Mas, como assim? Ah... Você não existe.
Eu nunca aprendo, fato.
viernes, octubre 20, 2006
Impossível descrever aquilo.
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